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Night 77

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"How many ways to get what you want/ I use (is) the best/ I use (is) the rest" gritava esganiçadamente Mr. Rotten no clássico indiscutível sobre a revolta e a transgressão, "Anarchy in The U.K.". E foi justamente isso que se viu na noite de 15 de agosto deste ano de 2009, no Hangar 110, em São Paulo: o pior e o melhor juntos e mesclados em uma massa sonora e cultural que vem arremessada no tempo desde 77. O evento, o Night 77, contou com a presença de cinco dos grandes nomes do Punk rock mundial, em suas competentes (umas mais, outras menos) versões cover. No entanto, num estilo em que o menos é mais, a lógica do melhor e do resto fica subvertida de forma tão profunda, que é difícil de entender ao menos o que se está presenciando. E entender, não é sentir. Pois sentir está ainda no estágio de pré-entendimento. No estado pré-socrático da tragédia grega, em que o contato com o universo se dava de forma aberta, sem intermediação da lógica e do racionalismo, e absolutamente impactante. E enquanto falávamos aqui, o som lá comia solto, aprovado pela multidão de corpos que despencava do palco a cada novo acorde entoado pelas guitarras estridentes e desesperadas do rock, e principalmente de seu estilo que clama mais abertamente por liberdade. Sim, o punk grita por liberdade mais que qualquer outro estilo. Ele empurra as barreiras, ele não se contém, ele não cabe em si mesmo. Ele propõe que se vire tudo de cabeça pra baixo, só para que seja virado e entornado novamente. E a cada volta, o mundo é que gira, e novos combates se travam. Sempre há uma causa para se lutar. Nem que seja seu próprio egoísmo e apenas sua auto-preservação que imperem em suas atitutes. Egoisticamente, portanto, esta noite nos mostrou que o grito não se calou: "Liberdade!"